Desafiando o status quo: o crescimento feminino no mercado de pricing

Cada vez mais, as disciplinas de Pricing e RGM se efetivam como estratégias rentáveis e eficazes para grandes empresas de diversos setores, impulsionando a definição de preços e a maximização de resultados a curto e longo prazo. De acordo com Revenue Management Market by Solution, estudo feito pela Markets and Markets, o mercado global de gestão de receita foi avaliado em US$ 14,1 bilhões em 2019. Assim, a precificação atesta-se como mais do que uma simples determinação de preços, sendo um campo no qual há, cada vez mais, espaço para a inovação, questionamento do status quo e para o desafio de enfrentar a mentalidade do “sempre fizemos assim”.

Para as mulheres, esse desafio é ainda maior, porque o ambiente corporativo foi moldado por uma tradição patriarcal que, ao longo do tempo, tratou liderança como algo intrínseco à competitividade extrema, severidade e autoridade inquestionável. Apesar disso, mulheres têm apresentado resultados significativos ao conduzir transformações organizacionais em empresas de todos os portes e segmentos, liderando projetos e nutrindo um espaço próspero à colaboração, flexibilidade e melhorias. Ao longo do mês, ouvimos mulheres que desafiam o status quo, transformando seus campos de trabalho através da inovação, apontando sua força e contribuição em áreas estratégicas. Inspirados por essas histórias, escrevemos este artigo para celebrar o caminho dessas profissionais, compartilhando obstáculos, conquistas e conselhos valiosos para as próximas gerações de protagonistas na precificação.

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Da motivação aos desafios: o caminho feminino no Pricing

Para Fabiana Nucci, Head de Pricing na Eurochem, multinacional que produz fertilizantes minerais e cliente Aprix, as mulheres sempre estiveram presentes na área de pricing, até porque, a capacidade de conectar pontos e guiar várias frentes ao mesmo tempo, é uma fortaleza feminina. Em campos que necessitam de constante inovação, como o pricing, o papel de seus profissionais está crescendo, demandando competências analíticas, estratégicas e cooperativas. Ao adotarem essa abordagem, as mulheres estão à frente de mudanças estruturais nas corporações, nutrindo uma cultura de especialização, foco no desenvolvimento e resiliência, aspectos fundamentais para enfrentar as constantes mudanças do mercado e sustentar diferencial competitivo. “Costumo dizer que Pricing não é algo que você se prepara na faculdade para exercer, mas quando cruza a sua jornada profissional e você se apaixona pelo tema, acaba se especializando – principalmente por iniciativa própria de buscar conhecimento, aplicar as metodologias na sua atividade atual e ver o resultado, na prática”, aponta Nucci.

O estudo Women in the Workplace 2021, da consultoria McKinsey, revelou que, quanto mais alto for o cargo, menor a presença feminina: enquanto há 62% de homens brancos na alta liderança das empresas, há somente 20% de mulheres brancas. Ainda que avanços significativos pela equidade de gênero tenham ocorrido ao longo do tempo, o teto de vidro que inviabiliza a ascensão feminina a posições de liderança ainda continua, infelizmente, firme e forte. “Um dos desafios iniciais foi demonstrar a importância estratégica de Pricing dentro da organização, garantindo que a precificação fosse vista além de um número e sim como um diferencial competitivo. Para superar isso, foquei em trazer análises embasadas e me aprofundar no impacto das decisões de preço no negócio. Outro desafio foi ganhar espaço em um ambiente que, historicamente, teve menos presença feminina, o que superei com estudo, resultados e criando conexões com outras profissionais da área”, cita Pâmela Caroline, Coordenadora de Pricing no Grupo Pão de Açúcar, empresa de varejo alimentar brasileira. Assim, ainda existem desafios a serem enfrentados, como preconceitos, desigualdades salariais, representatividade e ausência de visibilidade das profissionais mulheres pelas empresas.

Além disso, na carreira de especialistas, as soft skills também são um dos principais desafios, porque são competências subjetivas e estão intimamente associados à personalidade e aos fatores emocionais moldados ao longo da vida de cada indivíduo. Para Ana Efigênia Souza Barros, profissional especializada em Pricing e Revenue Management e parceira Aprix, os desafios centrais enfrentados no caminho profissional sempre estiveram ligados às soft skills. “As hard skills a gente aprende: Excel, fórmulas, ferramentas, análises, pesquisas, ou até montar um material. Já as soft skills envolvem uma preparação mental para liderar uma equipe grande, encarar reuniões desafiadoras e apresentar pontos de vista, opiniões, sugestões e recomendações de forma bem embasada e com credibilidade. Esses sempre foram os maiores desafios”, sublinha Ana. Notavelmente, as soft skills e hard skills são essenciais para além das funções operacionais, são necessárias para entender o perfil dos consumidores, traçar estratégias com uma visão holística, para lidar com os obstáculos e alcançar resultados sustentáveis no ambiente corporativo.

O papel estratégico das mulheres na transformação das empresas

Embora os desafios persistam, avanços significativos vêm sendo conquistados. No Pricing, essas mudanças são evidentes na criação de áreas do zero, na formação de equipes, no desenvolvimento de estratégias e no fortalecimento contínuo da área. À vista disso, a estruturação do setor de pricing no Pão de Açúcar foi, para Pâmela Caroline, sua maior conquista no pricing: “Implementar estratégias de precificação que geraram impacto real nos resultados e ajudaram a consolidar uma visão mais estratégica da área de pricing na empresa. Além disso, ter a oportunidade de inspirar e apoiar outras mulheres que querem seguir esse caminho tem sido algo muito gratificante”.

Segundo Maria Flávia Merola, Analista de Planejamento na Arcor Do Brasil, multinacional especializada na elaboração de alimentos (guloseimas, chocolates e semelhantes) e cliente Aprix, muitas mulheres sentem a necessidade de dominar todos os aspectos de suas áreas para se sentirem preparadas. Esse também é um dos pontos abordados pelo Informe de Percepção de Gênero, divulgado pelo LinkedIn em 2018, que revelou que as mulheres são mais seletivas ao se candidatar para vagas de emprego: elas tentam 20% menos vagas que os homens, pois elas sentem que precisam cumprir 100% dos requisitos solicitados pelos empregadores, porém, a maioria dos homens arrisca com somente 60% das exigências. Essa construção social sustenta um ideal conservador, levando-as a exigirem demais de si mesmas e a duvidarem de suas capacidades, o que pode fazer com que minimizem seus próprios esforços e competências – e, em alguns casos, até desistir da candidatura. Ainda assim, elas vêm conquistando cada vez mais espaço e assumindo papéis estratégicos e de liderança, como menciona Maria Flávia sobre a conquista mais significativa de sua carreira: “Sem dúvidas, foi poder estar à frente de um projeto de Pricing. Quebrando paradigmas e estruturando um novo modo de pensar e precificar na companhia. É gratificante ver os processos tomarem forma e a construção da ferramenta Aprix traduzindo todas as regras de negócio estabelecidas.”

4 conselhos para mulheres que estão iniciando sua carreira no Pricing

O papel do pricing se faz presente em variadas áreas estratégicas de um negócio, na teoria, une o fortalecimento do relacionamento com os clientes à otimização da rentabilidade, através do uso de dados e inovação, para garantir maior competitividade. Desta forma, já sabemos que o mercado está em crescimento, por isso, cada vez mais empresas que adotam estratégias bem fundamentadas conseguem desenvolver e sustentar vantagens competitivas ao longo do tempo – para alguém que está ingressando na área, isso representa uma oportunidade de aprendizado e crescimento. Separamos quatro conselhos valiosos e vamos compartilhar aqui! Aprenda com mulheres especialistas em pricing que estão transformando o mercado com estratégia e inovação.

1) Desenvolva sua visão de negócio

“Com certeza, ter desenvolvido uma visão de negócios e uma boa capacidade analítica me abriu as portas para liderar esse projeto e contribuir para a estruturação da área de Pricing da companhia.”– Maria Flávia Merola, Analista de Planejamento na Arcor Do Brasil, multinacional especializada na elaboração de alimentos (guloseimas, chocolates e semelhantes) e cliente Aprix.

2) Evolua suas hard e soft skills

“Primeiro, acho fundamental que você se identifique com a disciplina. De alguma forma, ela precisa te agradar, porque é muito difícil trabalhar em algo que você passa o dia todo odiando. Além disso, é essencial se preparar, tanto tecnicamente quanto emocionalmente, pois essa é uma posição que exige muita precisão nas informações e lidar com a velocidade com que elas mudam pode ser desafiador. Também é importante ter profundidade no que você vai discutir e se preparar para isso. E, claro, não poderia deixar de mencionar a importância de aproveitar as tendências de automação e inteligência artificial para otimizar o trabalho analítico. Isso permite tornar as tarefas mais leves e direcionar o tempo para agregar valor de forma estratégica.” – Ana Efigênia Souza Barros, profissional especializada em Pricing e Revenue Management e Parceira Aprix.

3) Abrace as oportunidades do pricing

“A área de Pricing é uma das grandes alavancas de transformação dentro de uma Cia, seja em processo ou resultado – fazer parte deste movimento é muito gratificante. Não perca essa oportunidade!” – Fabiana Nucci, Head de Pricing na Eurochem, multinacional que produz fertilizantes minerais e cliente Aprix.

4) Mantenha-se no caminho

“Não tenham medo de ocupar espaços e demonstrar seu valor. Pricing é uma área desafiadora, mas extremamente recompensadora. Invistam no conhecimento técnico, busquem mentores e se conectem com outras mulheres da área. Acreditem no seu potencial e saibam que seus insights são valiosos para a tomada de decisão.” – Pâmela Caroline, Coordenadora de Pricing no Grupo Pão de Açúcar, empresa de varejo alimentar brasileira.

“Siga em frente! É uma área com muitas oportunidades e impacto nos negócios. Muitas mulheres sentem que precisam saber tudo para se sentirem prontas, mas o importante é estar sempre buscando conhecimento, conectar com outros profissionais para te apoiarem na sua jornada e se posicionar com confiança.” – Maria Flávia Merola, Analista de Planejamento na Arcor Do Brasil, multinacional especializada na elaboração de alimentos (guloseimas, chocolates e semelhantes) e cliente Aprix.

Aprendizado contínuo e networking: referências femininas para acompanhar no Pricing e RGM

Eventos como o Aprix Connect, que passou por sua segunda edição em agosto de 2024, fortalecem a importância de uma metodologia inovadora e colaborativa, desenvolvendo o crescimento de discussões aprofundadas quanto às tendências de precificação e estratégias que criam resultados sustentáveis. Esses encontros, assim como outros fóruns de discussão, instituições de ensino, livros, podcasts e especialistas de referência, trazem insights oportunos e significativos para profissionais, destacando como a colaboração, o networking, benchmarks e a troca de conhecimentos podem construir uma comunidade de Pricing. Explorar essas fontes é essencial para o desenvolvimento pessoal e profissional contínuo na área.

1. Linkedin

No LinkedIn, Casey Brown, da Boost Pricing, compartilha insights estratégicos, assim como Alessandra Shima, Neema Gray e Juliana Benjamin. Ademais, fóruns e grupos da plataforma também são espaços benéficos para troca de conhecimento, assim como eventos e webinars que destacam mulheres líderes no campo.

2. Instituições

Instituições como Professional Pricing Society e European Pricing Platform, além de publicações da MIT e Harvard Business Review, trazem cases e pesquisas valiosas.

3. Livros

Entre os livros recomendados, Monetizing Innovation, de Madhavan Ramanujam, é essencial para entender a precificação estratégica.

4. Ted Talks

Os TED Talks oferecem reflexões relevantes, como a palestra de Susan Etlinger – “What do we do with all this big data?”, que discute o impacto dos dados na tomada de decisões.

5. Podcasts

Ana Efigênia Barros, especialista na área, faz parte do PricingCast, um podcast com discussões ricas e acessíveis.

A crescente presença feminina no pricing e seus impactos

“Vejo uma evolução muito significativa. Antes, nos fóruns, além de haver poucas pessoas participando, eram sempre os mesmos profissionais, com uma predominância masculina, principalmente nos cargos de liderança. Hoje, a presença feminina cresceu consideravelmente e é inspirador ver cada vez mais mulheres ocupando posições de destaque e liderança em diversas áreas”, afirma Ana Efigênia Souza Barros. A fim de que o ambiente corporativo siga essa nova era – uma economia com as mulheres presentes, do Pricing a outros segmentos – e deixe de ser moldado por padrões patriarcalistas, é fundamental que as empresas adotem políticas de equidade de gênero. Uma liderança eficiente mescla características como firmeza e empatia, decisão estratégica e colaboração, lógica e intuição, criando um ambiente mais inclusivo, inovador e estratégico. Um relatório da McKinsey, apontou que a diversidade na diretoria de uma empresa se traduz em mais receita em até 50%, ou seja, organizações que valorizam a inclusão de mulheres e minorias têm maior probabilidade de prosperar. O crescimento feminino no mercado transforma não apenas as corporações , mas também a sociedade como um todo, por isso, superar os obstáculos que as mulheres enfrentam nos negócios é um desafio ao status quo e uma responsabilidade coletiva.